De acordo com a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), a actividade cinegética no nosso país, como a caça à perdiz, não está a ser regulada, nem praticada de forma sustentável. A SPEA já tentou resolver esta irregularidade, pedindo «mais rigor e responsabilidade» ao Ministério da Agricultura. A Sociedade enviou, inclusive, uma Carta Aberta a este órgão para pedir avanços para uma caça sustentável.
Quais são as principais vantagens da caça à perdiz e a outras espécies de forma sustentável?
Nessa Carta Aberta, a SPEA entende que o sector da caça à perdiz, entre muitas outras espécies, continua a desenvolver «práticas nocivas e ultrapassadas» tanto para essa actividade, como para a Natureza. Logo, ficam em causa o interesse público e o futuro da caça.
Por outro lado, esta Sociedade acredita que a caça é um recurso natural e, por esse motivo, tem de ser gerida sustentavelmente para que traga vantagens sociais e económicas. Além disso, a caça sustentável também teria um papel de relevo para proteger as aves e a biodiversidade.
A vontade de implementar uma caça à perdiz mais sustentável, sem esquecer as outras espécies, ultrapassa as tentativas de contacto com o Ministério da Agricultura. Por exemplo, em Novembro de 2011, a SPEA fez um apelo para que o Governo dos Açores adoptasse medidas de emergência. É o caso da proibição da utilização de munições com chumbo nas áreas húmidas.
«O arquipélago dos Açores é um dos poucos territórios da Europa que ainda desenvolve a prática da caça às aves aquáticas através deste tipo de munições, o que põe em risco não só as populações de espécies cinegéticas, mas também a qualidade dos recursos hídricos», escreveu a SPEA em outra Carta Aberta. Sendo assim, existe uma contaminação dos solos, da água, dos patos e dos consumidores dessas peças de caça.
Logo, a Sociedade exigia a erradicação do problema do saturnismo, isto é, do envenenamento de aves aquáticas através de chumbo, devido ao uso de cartuchos que contêm este metal.
Gestão da caça tem melhorado nos últimos 20 anos
O coordenador do Departamento de Conservação Terrestre do SPEA, Domingos Leitão, crê que este é apenas um exemplo da falta de uma maior consciência da necessidade de desenvolver uma caça sustentável no nosso país pelos próprios caçadores e confederações.
Domingos Leitão não está sozinho. O especialista em conservação da Natureza e caça João Bugalho também concorda que a caça sustentável pode ser bastante vantajosa. Porém, para João Bugalho, o cenário tem melhorado: «Após uns tempos caóticos, considero que a gestão da caça tem evoluído bastante nos últimos 20 anos. Nalgumas associações e áreas de caça turística, existe um nível de gestão muito positivo», afirma João Bugalho.
A Quinta dos Penedinhos cria aves para a actividade da caça à perdiz por praticantes exigentes e que apoiam uma actividade sustentável. Envie as suas questões para quinta.dos.penedinhos@gmail.com