Criação de perdizes em destaque na Feria Cinegética

A perdiz em destaque

A criação de perdizes em Portugal é uma actividade que assume uma importância crescente, não fosse esta a espécie mais procurada pela actividade cinegética em território nacional. E a caça em Portugal está sem dúvida de parabéns, já que seremos o país oficial da Feria Cinegética 2015.criação de perdizes vermelhas

O certame, que se realiza de 19 a 22 de Março, no pavilhão 12 do recinto de feiras Juan Carlos I, em Madrid, é das mais importantes organizações no mundo da caça, com uma dimensão verdadeiramente internacional. A iniciativa parte da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), no âmbito do Programa COMPETE (Programa Operacional Competitividade e Internacionalização), e visa divulgar o universo da caça em terras lusas. 

Portugal é de resto já um destino preferencial para caçadores do país vizinho, reunindo condições excepcionais para práticas cinegéticas, quer de pequena caça, com a perdiz a ser sem dúvida o animal de destaque, quer com a caça grossa.

Os destinos nacionais para a caça à perdiz, quer no norte, em Trás-os-Montes, quer no Algarve, são já relativamente bem procurados por turistas que procuram aliar as férias ao desporto. O lugar predominante das carnes de caça na gastronomia regional é um argumento ainda maior, que ajuda a tornar a actividade cinegética um argumento importante para o turismo nacional.

São argumentos como estes que serão levados à Feria Cinegética por um total de 12 companhias ligadas ao sector. Na sua edição de 2014, o certame contou com 300 expositores e recebeu mais de 30,000 visitantes, o que mostra bem a sua dimensão e a excelente oportunidade de negócio e celebração de contactos que representa.

A importância da criação de perdizes

Apesar do país reunir condições de excepção para a prática da caça, o cada vez mais destacado papel ambiental desta actividade tem assistido à multiplicação de espaços controlados e específicos para a sua realização. Em alguns habitats onde as populações são de menores dimensões, ou onde a repovoação é necessária, a criação de perdizes é verdadeiramente fulcral.

A criação de perdizes é no entanto uma actividade que requer condições específicas para a sua realização com sucesso, optimizando as estruturas ao dispor das aves e do seu ciclo reprodutivo. A perdiz-vermelha, espécie mais emblemática, reproduz-se durante entre Abril e Maio, tendo como particularidade a colocação de ovos em ninhos diferentes, ficando um a cargo do macho e o outro da fêmea.

Tipicamente, um ovo é colocado a cada 16 horas, até 10-16 por ninho, demorando cerca de 23 dias a chocar. As gaiolas de arame são as que mais favorecem a colocação numerosa de ovos. As crias voam do ninho com dez dias e atingem o tamanho adulto em 2 meses, mas geralmente as proles mantêm-se juntas durante o primeiro inverno.

Na Inglaterra, onde a espécie foi introduzida a partir do século XVII, devido a números em declínio das populações locais a perdiz vermelha chama-se frequentemente de perdiz francesa (alectoris rufa) para a distinguir das espécies domésticas.

Existem no entanto três grandes subespécies deste tipo de perdiz:

A. r. Hispanica, que habita fundamentalmente o norte e o oeste de Espanha;

A. r. Intercedens, que habita a região sul;

A. r. Corsa, uma espécie que origina na Córsega 

A agricultura moderna é um dos principais adversários das populações de perdizes, já que tem contribuído – entre outros factores – para o declínio dos insectos ligados aos cereais, um alimento importante para estas aves. No entanto, a perdiz vermelha tem-se mostrado menos vulnerável que outras subespécies, uma vez que se alimentam principalmente de sementes, sendo os insectos mais importantes apenas nos primeiros tempos da vida das crias, ainda que estas consumam igualmente sementes, limitando o impacto da falta de insectos na sua capacidade de sobrevivência.

Ainda assim, com os números a caírem um pouco por toda a Europa, diversos países encetam esforços para a preservação das dimensões das populações. A criação de perdizes cujos principais núcleos populacionais se limitam a Portugal, Espanha e França, significam que mesmo nos países onde esta é uma espécie introduzida, a criação de perdizes é uma preocupação crescente.

Assistimos no entanto a uma mudança de paradigma, com sustentabilidade a tornar-se um conceito central na criação de perdizes cujos objectivos mudam das libertações anuais, para a criação de verdadeiras populações sustentáveis ao longo do tempo.

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